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R3 - original 2023

Queres descobrir como foi participar no R3 - original durante 2023? Primeiro em Santo André e depois em Montargil, participei nestas duas etapas a bordo da minha KTM 790 Adventure R.
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Participar num R3 era uma espécie de sonho antigo. Em 2016/2017, andei com essa ideia mas quando falava do assunto com atuais ou ex-participantes todos me alertavam para a dificuldade do mix entre navegação e características da navegação em si sobretudo para motos do tipo trail ou bigtrail.






"Mas, e o que é o R3 - Original?"

Bom, o R3 é hoje um evento de cariz não competitivo que nasceu algures em 2014 pelas mãos do R3 – Roadbook Rally Raid através do Luís Lourenço. À época, evoluiu para o Campeonato Nacional nos anos de 2019 a 2021. Em 2023, regressou, com o impulso dos patrocinadores F2R / H3D e Magnorange, em parceria entre a R3-Roadbook Rally Raid e a Horizon Adventures nasce então o “R3 – Original”.


O R3 – Original é um evento com navegação exclusiva a roadbook. Basicamente, na hora que antecede cada etapa é-te entregue um roadbook em papel ou digital que devemos procurar seguir o mais rigorosamente possível porque aquilo que importa é apenas e só evitar as penalizações por excesso de velocidade, stop’s, percurso não efetuado, erros de navegação,... a velocidade, não conta para nada neste caso.



Em 2023, houve lugar a 4 diferentes categorias com participantes:

# Rally – modos de enduro / rally raid até 175kg;

# Clássicas – motos anteriores a 1998;

# Maxi_Trail – motos de qualquer cilindrada acima dos 175k;

#SSV – de qualquer cilindrada com ou sem modificações



No início de 2023, em conversa com o Henrique da F2R / H3D, lançou-me o repto de me desafiar a fazer algo relacionado com o rallyraid. Era algo que queria há muito mas pelo qual tinha sinceramente algum receio pelas histórias de dificuldade em andar com uma moto grande em caminhos desenhados em e para motos pequenas.



A primeira etapa foi em Évora e não me foi possível de todo participar. À segunda, em Santo André, lá estava Eu para pela primeira vez navegar em roadbook com a KTM 790 Adventure R pelas areias circundantes e pela Serra da Grândola. Se Eu já tinha alguma expectativa de que iria gostar do formato em si, do tipo de navegação e do desafio, ficaram completamente dissipadas. E dissipada também a garantia que o Henrique e o João me haviam afiançado: existem percursos diferentes para a classe maxitrail se houver necessidade de tal. Se é um tipo de navegação para pessoas em moto grande(trail/bigtrail) com nenhuma ou muito pouca experiência em off-road? Creio que não. Pelo simples facto de haver um ou outro ponto técnico que não se consiga transpor. Ainda assim, a dificuldade dos tracks até hoje apresentados é de nível médio (mais para o baixo...) na generalidade.



Ao final do primeiro dia, partilhava a minha experiência com amigos e família. Todos estavam curiosos sobre esta nova aventura e Eu, honestamente, sorridente e contente com os resultados obtidos. Alguns erros de rookie nestas andanças, más tomadas de decisão e uma valente dor de cabeça (das boas) por tanta hora que tive concentrado a decifrar os caminhos, a tomar decisões para ultrapassar os cerca de 200klm e mais de 200 notas do percurso.

 

No dia seguinte, o meu companheiro destas andanças Luis Martins, por avaria mecânica no 1º dia, teve de abandonar. Então, nesta segunda etapa, era o único a andar “num percurso diferente”. Algumas zonas são comuns outras nem por isso. Se assusta? Nada. Estamos sempre controlados pelo software da Anube e sabem exatamente onde estamos, velocidade, posição, etc. E até podemos pedir socorro (SOS) através dos 2 equipamentos que levamos connosco. Um na moto outra na mochila. A parte mais gira, é que andando em partes dos percursos sozinho onde nada estava marcado, ainda me diverti mais. Porquê? Porque fui mais eficaz na capacidade de estar mais focado naquilo que era a nota do roadbook, o totalizador, a orientação e fazer a correlação de tudo isso absorvendo a informação que os olhos leem do terreno, daquilo que nos envolve, para onde vamos, etc... é brutal. Experiência muito gira mesmo. No final desta segunda etapa, estava destinada algumas zonas de navegação por CAP e tendo em conta o contexto do terreno acabou por se revelar uma experiência inesquecível de tanto me ter divertido naquela manhã de domingo!

 



Terminado o R3 – Santo André, extrapolando o resultado (erros) e comparando com todas as outras classes estaria em 12º lugar. Não sendo um evento de cariz competitivo, havendo uma tabela classificativa tendo por base o resultado da navegação, não deixar der ser algo para o qual todos queremos olhar, comparar, avaliar erros, etc.

 

Quanto a mim, é apenas uma outra (para mim novidade) forma de navegar de moto num ambiente que nos coloca fora da nossa zona de conforto dada a incerteza do que aí vem, por onde vamos andar, se vai para norte, sul, este ou oeste... não sabemos nada de nada. Apenas, a próxima nota a seguir.

 

Foi então que uns meses depois chegou o R3 – Montargil. A primeira experiência proporcionava agora outra bagagem na forma como olho para o roadbook, como interpreto algumas notas e também um à vontade maior com os equipamentos que escolhi utilizar (Garmin Tread SXS 8’’ + Comando Carpe iter + APP DMD2).

A primeira etapa do R3 – Montargil foi marcada por chuva intensa durante todo o dia. O Diogo, olhou para a previsão uns dias antes e desvalorizou a previsão. Pensei: “Montargil, interior... em setembro, deve estar calor e isto são uns chuviscos”. Planeei zero equipamento de chuva para este evento.  Foi uma catástrofe autêntica. Ainda faltavam 45 minutos para o meu arranque e estava completamente ensopado. De A a Z. O início, ao olhar rapidamente para o as primeiras notas... percebi que ia ser embrulhado. Andámos relativamente próximos da margem Este da barragem e direção a Norte, a Ponte de Sor. Até aí, pensei diversas vezes em desistir, confesso. Estava completamente frustrado em conseguir alinhar: discernimento + condução no meio de tanta lama e água + um roadbook com notas muito curtas que obrigavam a uma constante tomada de decisão. A progressão era lenta e muitas vezes o controlo da moto, da sua direção e tração era ridiculamente baixa. Daí, para a frente, começou a fluir mais, muito mais, já ao jeito da Baja Portalegre. Aliás, algumas pistas ainda me lembrava delas.  😇

 

Ao final do dia, um dia de condução muito desafiante, mas que se foi revelando excecional, muito divertido na última metade e com um resultado pessoal que me deixou orgulhoso. P2 na classe, P4 à geral e com um erro de navegação de apenas 45 metros em mais de 210klm. Juntando-lhe 2 stops que me escaparam por distração!

O excelente resultado do D1, obrigava então agora partir na frente. Ainda cedo, só tinha 2 pilotos na frente, e numa nota mais complexa decidi ter uma abordagem diferente e que me parecia diferente das marcas no terreno. Arrisquei, arrependi-me, voltei atrás e fui confirmar que estava... certo. Ou seja, partilho esta reflexão para mostrar que a confiança na leitura da nota/terreno e também um pouco o instinto tem de estar muito bem alinhados com a concentração para ser bem-sucedido. Aqui, estava certíssimo, hesitei... o suficiente para criar um erro grande de navegação, que me deixou frustrado e desconcentrado. Acabei por cometer outros erros igualmente pequenos, mas que foram sobretudo de distração. Este, foi o que me irritou mais. Estava certo, duvidei e errei quanto estava certo. Era só continuar. Ao final do dia, terminei novamente em P2 na classe, P7 à geral do dia. Terminando o R3 – Montargil em P2 na classe e P5 à geral com apenas 1,73klm de erros acumulado sendo apenas 0,485mt em mais de 400klm.

 

Num total de 50 participantes, interessante conseguir um P6 à geral e P1 na classe Maxitrail no universo de todas as provas somando as diferentes participações tendo nas diversas contando atuais e ex-pilotos do panorama nacional e internacional. Isso, é um outro factor de uma riqueza brutal nos momentos de confraternização no pós-dia, em que ficamos todos na conversa a aprender uns com os outros, como pares que todos somos neste âmbito.

Escrevo estas linhas porque estou cada vez mais apaixonado por este tipo de navegação. Gosto muito do desafio em si, da qualidade dos roadbook e de me testar em ambientes onde a adversidade de controlar muito pouco do que está a acontecer me invade. Por outro lado, lamento termos sido poucos os participantes ao longo do ano na categoria maxitrail (creio que 6 ao longo do ano) e num tipo de evento que, obviamente para quem gosta de se desafiar e tem apreço por navegar ou até aprender algo novo, tem muito de condução e navegação para proporcionar. Para 2024 a organização promete novidades e... estou muito curioso acerca delas e também em perceber se é desta que este conceito abrange mais trail’s e bigtrail’s que, além da palavra da organização, também tem a minha em que este tipo de percursos é desenhado tendo por base isso. Repito: não é para rookies que se estão a iniciar e vem de um universo em que desconhecem por completo a dinâmica e condução em off-road. Mas, também não é necessário ser nenhum piloto para ser bem sucedido. Quem está habituado a um O Nosso Dakar, Touratech Rally,... está familiarizado com a maior parte das situações que encontrará pela frente.

 

 

"Qual o equipamento que utilizado para navegar?" É uma das perguntas que mais me colocam.

Para navegar neste tipo de evento optei por utilizar aquela que é a minha solução de dia-a-dia, para navegar tracks offroad ou que uso até para trabalhar em eventos: o Garmin Tread SXS 8 polegadas que me acompanha há uns 2 anos e que é de longe a melhor solução de navegação que já utilizei.

Porquê? Porque Eu valorizo muito a questão da fiabilidade do equipamento de navegação. Quem já ouvia uma minha história de Marrocos, mas que eu também já ouvi de tanta e tanta gente, TODOS OS ANOS, percebe a importância de termos um equipamento de navegação robusto e que não nos falhe numa altura em que a nossa vida depende dele. Sim, isso mesmo. Frio extremo, calor extremo, o que for. Procuro algo que seja robusto e fiável em todas as situações e não para quase todas.

 

Com esta necessidade de ter algo para navegar em roadbook e porque também já vínhamos estreitando acesso a informação de app’s, testando diferentes, optei por utilizar então:

Comando Carpe Iter AdvCtrl pelo qual não estou 100% satisfeito. Acredito que a solução da ARN o Remote Pro seja o mais adequado e fiável.

 

Para navegar, estou a utilizar a app Drive Mode Dashboard (DMD2) que não sendo absolutamente perfeita(sendo um leitor de roadbook em .pdf) é BRUTAL para navegar. Tenho lido e visto a app Terra Pirata que desejo igualmente ver disponível no Tread porque... me parece roçar a perfeição na experiência de roadbook digital.

 

 

 

Qual o equipamento de proteção adequado?

Utilizo o equipamento que é obrigatório para mim também o é sempre que vou andar neste tipo de ambiente off-road:

# Capacete de offroad - Troy Lee Designs;

# Goggles Oakley Airbrake;

# Colete de proteção nível 2 - Scott Softcon Air;

# Joelheiras EVS TP199;

# Calções de proteção Leatt 4.0;

# Calças Klim Dakar;

# Jersey;

# Luvas Enduro Fox Legion;

# Botas Fox Instinct;

 


E a moto? A KTM 790 Adventure R.

Se é a moto certa? Não sei. Para mim, é. É isso que Eu tanto gosto e valorizo nesta mota. É esta que me permite fazer grandes deslocações de / para eventos, passeios ou mesmo viagens. E que, igualmente, me permite usufruir deste tipo de eventos que referi acima:
# R3 – Original

# Baja Portalegre

# O Nosso Dakar

# Touratech Rally

# ACT

#Top2Bottom

E outros tantos que estão ainda por fazer...

 

Permite-me ser a moto do dia-a-dia, da cidade... que é económica e igualmente fiável. Pelo que, perguntou eu: porque não? Porquê complicar? Tantas e tantas vezes temos mais do precisamos em casa e só temos de dar o passo em frente e utilizar aquilo que já temos. O R3 – original é um lugar excelente e adequado para testar as skills e apetências de qualquer trail ou big trial e do piloto a que isso se propuser.


 

 

Se leste isto até ao fim, antes de mais desejo ter conseguido dissipar dúvidas do que é este evento e... espero encontrar-te num R3 – original em 2024 porque Eu também espero voltar!

Por fim, um obrigado especial à familia que me permite estas andanças, à Longitude 009 / Touratech PT porque dentro desta estrutura existe muito know-how, cada vez mais, e há coisas que só se aprendem no terreno e para isso é necessário criar a oportunidade para aprender e ainda, por fim, aos amigos que estão sempre prontos para o suporte e apoio que se tornam essenciais ao longo destas jornadas!

Um abraço, Diogo.

 

 

 











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